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Depende do Contexto da Frase:

Elefante Branco: 1. Presente que, não sendo mau, dá muito trabalho, muita importunação. 2. Coisa de pouca ou nenhuma importância prática. [ Dic. Aurélio]

O Elefante Branco

Dizem que na Índia antiga, quando um potentado desejava eliminar um adversário ou mesmo aliado, digamos, incômodo, dava-lhe de presente um elefante branco. Animal sagrado, demandava atenções e gastos de não pouca monta, o que, via de regra, levava o presenteado à perda total do patrimônio, a seguir da família, logo da sua própria liberdade...

Guardadas respeitosamente as proporções de espaço e de tempo, o governo do estado de São Paulo atualmente adotou política bastante similar para com os municípios, que vão sendo assoberbados de incumbências outrora geridas pelo próprio Estado e, com isso, impossibilitados de agir de maneira outra que não aquela que o estado dita.

Caso não concordemos com as prioridades do Estado e busquemos entretecer outras, mais consentâneas à nossa realidade, aos anseios de quantos de nós dependam, bem, primeiro temos de alimentar o elefante branco, lavar o elefante branco e rezar com ele. Protestos são até ouvidos que hoje vivemos numa democracia na qual todos têm o direito de se pronunciar como bem o desejem. Ouvido o protesto, nada se faz a respeito e ai daquele que não cuidar bem direitinho do elefante branco com que o estado magnânimo o presenteou;

Ver-se-á na situação excepcionalmente bem retratada por John Milton no clássico O Paraíso Perdido e, como Dante, poderá, no máximo, erguer-se poeticamente a suspirar por um tempo em que não tinha de prestar contas ou atenção ao velho demônio bufonesco a tentar levar as gentes à danação eterna.

Democracia? Que democracia?

Quando estávamos vivendo um regime de exceção e não eram claros os limites de atuação de todos, havia tortura, “desaparecimentos”, paranóia generalizada... Hoje, graças a Deus, vivemos tempos bem menos sombrios quanto a este quesito. Como se disse, todo aquele que pensar de maneira diferente daquela do poderoso Leviatã estatal, pode até se manifestar e protestar - desde que, claro, não venha a ferir o chamado “estado de direito” ou, desde que não contrarie a “ordem” - somente não pode, hoje como ontem, sequer cogitar em viver uma vida ou um tempo diferente. O macio autoritarismo a que hoje estamos submetidos todos os brasileiros somente comporta do diferente ou divergente as opiniões (será mesmo?). Viver uma vida diferente, com outras diretrizes, com prioridades mais realisticamente próximas do nosso cotidiano? Nem pensar!

É assim, como disse o bardo, que se lançam ao inferno, raramente metafórico, os divergentes ou discordantes. E é assim, como lucidamente o coloca, que se premia com o paraíso, quase sempre metafórico, os colaboradores inofensivos ou mesmo adoradores do Leviatã, como alguns bufões têm feito em raríssimo exemplo de oportunismo sócio-cultural a ser levantado acuradamente pelos sociólogos do futuro, que os do passado e mesmo os do presente desapontaram todos - e a todos!

A quem não importa a questão democrática, a quem só importa a política do “pró”, a quem a crítica se faz surda ou emudece, o paraíso reencontrado. Àquele que se posiciona, que tem opiniões sinceras (acertadas ou não, mas por elas se responsabiliza) que discorda, enfim simplesmente por que tem opinião, o “inferno”. “Ao vencedor, as batatas, ao perdedor, as cascas”, aos municípios nem mesmo compaixão!

Eis o ponto a que chegamos neste fim de século, com a democracia à brasileira...

Lázaro Curvêlo Chaves - 18 de junho de 2001

Elefante Branco na cultura Indiana era simbulo muito auspicioso e raro.

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